terça-feira, 30 de outubro de 2007

Aparente frieza

Hoje sinto-me com coragem de falar duma pessoa, meu FILHO.

Naquele dia horrivel, fiz medicação para dormir e deitei-me para o nada
Foi o Vitor que comunicou ao nosso filho o que me tinha sido diagnosticado.
No dia seguinte encontramo-nos na cozinha, deu-me os bons-dias sem tão pouco olhar para mim, eu estava igual a um vaso feito em pedaços, e ele, ele nada. Andámos os dois pela casa, um evitando o outro. Disse um "até logo" e saiu para a escola... foi nessa altura que acordei daquele pesadelo e fui com ele no elevador até á garagem, não olhou para mim, nem através dos espelhos, foi aí que consegui gritar:

- PODES OLHAR PARA MIM...?

Não reagiu. Ou melhor, a reacção dele foi não reagir. Não conseguiu dizer uma palavra. Ficou calado, sem voz, sem que dizer, sem saber o que fazer. Já não foi á escola, subimos para casa. Ficámos ali os dois, a mostrarmo-nos fortes, cada um à sua maneira. Eu, fingindo-me confiante, ele num silêncio tremendo, para que palavra nenhuma lhe denunciasse a dor que sentia. Somos os dois da mesma massa.
Passadas algumas horas veio perto de mim e disse-me:

- Tens que ser forte, vais conseguir!

Foram estas as palavras que me conseguiu dizer, passei momentos dolorosos durante vários meses, mas sem choraminguisses entre ambos.

Até que..., estava eu sentada a fazer uma lista, dos comes e bebes para a passagem de ano, que seria em minha casa. Toca o meu telemovel. Arrepiei-me e senti medo, não consegui atender, foi o Vitor que o fez.
Ficámos de rastos, era o meu cirurgião a comunicar que me queria no hospital, no dia seguinte, pois tinha vaga no bloco, devido ser passagem de ano. Não me lembro de mais nada, a não ser daquele abraço. Um abraço unico, foi tão doloroso, mas também tão gostoso. Conseguimos deitar para fora tudo aquilo que estava aprisionado dentro dos nossos corações. Entre muitas lágrimas ele conseguiu olhar para mim e dizer:

- É só continuares com a mesma força. Já falta pouco para estres curada.

Despois, depois ouve um silêncio absoluto.

Sou uma mãe sortuda, tenho um filho pronto para enfrentar todas as dificuldades inerentes nesta vida.

ADORO-TE MEU FILHO! Sem ti não tinha conseguido, obrigada meu amor.

Um comentário:

Isabel Garrido disse...

Lúcia...esse teu desabafo até deu direito a lágrimas...
É lindo teres assim um filho que te apoia e te faz feliz!!!
Beijinhos amiga ;-)))

Isabel